Soja

Após um período de acomodação nos preços, soja e milho fecharam em alta na bolsa de Chicago, refletindo os desdobramentos da eleição presidencial nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira (22/7), os contratos da soja para agosto, os mais negociados no pregão, avançaram 1,87%, a US$ 11,1775 o bushel.

Roberto Carlos Rafael, sócio da Germinar Agronegócios, disse que a desistência do candidato democrata Joe Biden, deu uma nova perspectiva para os analistas de mercado sobre o comércio entre chineses e americanos.

“A desistência do Biden abre uma série de vertentes para o mercado. A primeira delas é que a chance de uma nova ‘trade war’ com a China já começa a diminuir. Essa possibilidade de atrito comercial entre os países estava pressionando as cotações nas últimas semanas”, destaca Rafael.

Entretanto, ainda que a eleição nos EUA tenha mexido de forma significativa com o mercado no início desta semana, o impacto dela sobre os preços deverá ser de curto prazo, projeta o analista.

“Acho que o fator político se esvazia em alguns dias na bolsa de Chicago, pois também temos uma safra boa chegando. Também é preciso aguardar as próximas pesquisas eleitorais e o que elas vão mostrar sobre a disputa presidencial”, pontua.

Brian Hoops, da Midwest Market Solutions, disse à Dow Jones Newswires, que o impacto da desistência de Biden à reeleição trouxe impacto para os preços, principalmente da soja, mas algo que não deve durar por muito tempo.

“Os traders querem acreditar que a China comprará soja antes das eleições, caso Trump ganhe e imponha tarifas ao país asiático”, diz Hoops.

Já na visão de Ismael Menezes, sócio da MD Commodities, os rumos da eleição para presidente dos EUA tiveram pouco impacto na sessão desta segunda. Para ele, o preço avançou principalmente por uma recuperação técnica, e ainda preocupações relacionadas com o clima.

"As chuvas no Meio-Oeste americano ficaram abaixo do ideal na última semana, causando um pouco de susto entre os investidores, mas que não muda o quadro geral de boa perspectiva para produção do país", observa o analista.

Ainda de acordo com Roberto Carlos Rafael, da Germinar, a queda do dólar hoje e a redução das taxas de juros na China refletiram em preços mais altos para a soja em Chicago.

Milho

Nos negócios do milho, os contratos para setembro fecharam em alta de 2,50%, negociados a US$ 4,0025 o bushel.

O milho se apoiou nos mesmos fatores que da soja para fechar o dia com preços mais altos. A desistência de Joe Biden à corrida presidencial americana reduz, momentaneamente, as preocupações com a guerra comercial entre EUA e China.

Os dados de demanda por milho americano também trouxeram algum apoio às cotações. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) disse nesta segunda que exportadores do país negociaram 133 mil toneladas do produto com o México.

Assim, como na última sessão, os preços do trigo na bolsa de Chicago foram sustentados por um pessimismo com a safra da União Europeia. Na sessão desta segunda, os lotes para setembro avançaram 0,97%, a US$ 5,48 o bushel.

Análise da T&F Consultoria Agroeconômica mostra que há uma deterioração na safra europeia de trigo, especialmente nos dois maiores produtores do bloco, França e Alemanha, respectivamente.

O fator climático também é uma preocupação para áreas produtoras dos EUA, Canadá e Rússia, devido ao calor extremo que atinge algumas áreas produtoras nesses países.

Mesmo em meio ao progresso da colheita americana de trigo de inverno e das boas condições das plantas, a T&F afirma que o segundo semestre será um período de preços mais altos para o cereal na bolsa.

Paulo Santos – Globo Rural

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